O Último Adeus de Francisco: O Papa da Simplicidade Escreve Seu Epílogo
O Silêncio que Abalou o Vaticano
Os sinos da Basílica de São Pedro badalam lentamente sobre Roma neste momento, enquanto o mundo recebe a notícia que temia: o Papa Francisco partiu.
Aos 88 anos, após uma batalha silenciosa contra uma pneumonia severa, o pontífice que revolucionou a Igreja Católica com gestos humildes e palavras corajosas deixa um vazio que ecoa muito além do Vaticano.
Em seus últimos dias, confinado a um leito hospitalar, Francisco fez um pedido que resume sua vida:
“Sei que Deus já me deu muitas bênçãos, mas peço apenas mais uma: cuide de mim. Que seja quando Ele quiser, mas que não me faça sofrer demais.”
Este não foi seu único desejo. Em um gesto sem precedentes, o Papa que lavou os pés de presidiários e abraçou crianças deformadas pela guerra; planejou um funeral que desafia séculos de tradição – um último ato de rebeldia sagrada.
O Filho dos Imigrantes que Virou Pastor do Mundo
Para entender Francisco, é preciso voltar a Buenos Aires, 1936.
Nascido Jorge Mario Bergoglio, filho de um contador ferroviário e uma dona de casa italiana, sua infância nos subúrbios argentinos moldou sua visão:
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Aos 21 anos, uma infecção pulmonar quase o matou – um prenúncio da pneumonia que agora encerra sua jornada.
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Sua mãe, Regina, opôs-se veementemente à vocação religiosa do filho. No dia de sua ordenação (1969), porém, ela caiu em lágrimas ao vê-lo no altar: “Meu filho, você pertence a Deus agora.”
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Como provincial jesuíta na ditadura argentina (1973-1979), escondeu perseguidos políticos em seminários – um capítulo obscuro que ele mesmo chamou de “meus pecados de omissão”.
Em 13 de março de 2013, o mundo viu a fumaça branca da Capela Sistina anunciar não apenas um novo Papa, mas um terremoto eclesial:
“Como querem que eu chame a mim mesmo?”, perguntou aos cardeais. Ao escolher Francisco, em homenagem ao santo da pobreza, deixou claro: a Igreja nunca mais seria a mesma.
O Funeral que Ninguém Esperava
Enquanto multidões se aglomeram na Praça São Pedro, os detalhes do adeus revelam a essência do homem:
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O Caixão da Discórdia:
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Tradição papal: três caixões (cipreste, chumbo e carvalho) para retardar a decomposição.
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Francisco: apenas madeira com zinco, como qualquer camponês.
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O Velório que Desafia os Séculos:
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Seus predecessores repousaram em catalfalcos dourados a 2 metros de altura.
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Ele insistiu em um caixão aberto no chão, onde fiéis poderão tocá-lo – um risco de segurança que o Vaticano reluta em aceitar.
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O Túmulo Proibido:
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Todos os papas desde 1900 repousam nas Grutas Vaticanas.
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Francisco escolheu Santa Maria Maior, onde rezou pela primeira vez como Papa e depositou um ramo de oliveira da Síria em 2013.
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*”É ali, diante do ícone da Salus Populi Romani, que ele dizia sentir Maria lhe sussurrar: ‘Não tenhas medo’”, revela um cardeal próximo.
Os Nove Dias que Abalarão a Igreja
Com sua morte, inicia-se o Novemdialis – nove dias de luto oficial:
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O Camerlengo (Cardeal Kevin Farrell) já realizou o gesto mais dramático: chamou “Jorge?” três vezes diante do corpo inerte. Ao silêncio, destruiu o Anel do Pescador com um martelo de prata.
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O “Santo Escrutínio”: Em 15 dias, 120 cardeais trancados na Capela Sistina elegerão o sucessor. Francisco alterou as regras em 2022 – agora, qualquer cardeal (não apenas eleitores) pode ser votado.
Um detalhe macabro: Se seu corpo ficar exposto por dias, como João Paulo II (2005), especialistas em tanatopraxia trabalharão nas sombras para evitar o “fenômeno Bergoglio” – seu rosto inchando sob o calor das velas, como ocorreu com seu antecessor.
O Legado que Nenhum Conclave Pode Apagar
Francisco não foi um papa – foi um sinal dos tempos:
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O herege? Para tradicionalistas, ao dizer “Quem sou eu para julgar?” sobre homossexuais.
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O revolucionário? Ao abrir a comunhão a divorciados e denunciar “a economia que mata”.
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O político? Seu silêncio sobre a China e Venezuela gerou críticas ferozes.
Mas suas últimas palavras, segundo seu confessor, foram sobre os esquecidos:
“Não deixem os pobres chorarem sozinhos.”
Epílogo: A Última Profecia
Em seu livro “Sobre o Céu e a Terra”, Francisco escreveu:
“A morte é como sementes que se dissolvem na terra para renascer em trigo.”
Hoje, enquanto seu caixão simples desce na terra de Santa Maria Maior, bilhões se perguntam: quem ousará carregar sua cruz?